quinta-feira, 31 de maio de 2012

O desenvolvimento do Brasil




Que país é esse?



Nos últimos anos, o Brasil conheceu uma ascensão econômica acima da média mundial. Tal desenvolvimento propiciou ao país, no início desse século, juntamente com outros, a formação de um grupo chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), posteriormente acrescido da África do Sul passou a se chamar BRICS, as nações que mais crescem na economia mundial, conhecidas como emergentes. É tão relevante esse crescimento que, mesmo com a crise financeira dos Estados Unidos em 2008, esses países pouco sentiram as conseqüências recessivas da economia norte americana.

O nosso país, que é representado pela primeira letra da sigla BRICS, atesta o seu crescimento no mercado mundial, inerente a três fatores: abertura de mercado, privatizações com a consequente estabilidade da moeda. Esses fatos fizeram parte de uma política, iniciada nos anos 90 do século anterior, que ficou conhecida como neoliberal, então liderada pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo.

O processo neoliberalista adotado pelo governo alavancou a nossa economia nos vinte anos posteriores, aumentando consideravelmente a influência financeira e política do país na América do Sul e no mundo, atraindo investimentos de muitas transnacionais, tanto pelo capital especulativo, quanto pelo capital produtivo. O Brasil deixou de ser o país do futuro, passando a ser o país do presente, chegando esse ano à sexta economia mundial. Com todo esse atrativo, hoje somos palco de grandes eventos, como convenções empresariais, fóruns ambientais, Campeonato Mundial de Futebol 2014, Olimpíadas 2016. Jamais imaginávamos que um país, o qual teve em décadas anteriores inflações próximas a trilhões de por cento, estivesse atualmente preocupado com uma inflação de 7% ao ano.

Um Estado que de emigrante passou a imigrante, atraindo tanto os brasileiros que emigraram na década de 80/90, quanto estrangeiros que veem no Brasil uma nação de oportunidades. Estaríamos retornando ao século XIX, o novo Eldorado?

Independentemente de sermos ou não um novo Eldorado, na verdade somos hoje juntamente com os outros integrantes do BRICS o território do capitalismo, tendo em vista que o mundo empresarial visualiza oportunidade através da mão de obra barata, incentivos governamentais, mercado consumidor (amamos consumir) e outros. Todos esses fatores somados são iguais a lucro e muito lucro.

Meu Brasil do “pai dos pobres”, do “crescer 50 anos em 5”, do “ame-o ou deixe-o”, do “milagre econômico”, do “país representado pelo presidente da juventude”, do “Brasil sem miséria” e muitas outras idéias ufanistas. Todas as citações anteriores os remetem provavelmente para políticos e politicalha como diria saudoso Rui Barbosa, ao desenvolvimentismo e principalmente a propaganda como a alma da alienação.

Essa nossa nação é verdade ou mentira?

Vamos utilizar a arte do pensar nestes últimos parágrafos e refletirmos sobre a pergunta anterior.

O Brasil apresenta o terceiro maior índice de desigualdade social do mundo, sendo 16 milhões de miseráveis (falta de necessidades básicas), entre esses, dez milhões vivem com R$ 40,00 ao mês, mais da metade dos domicílios não possui qualquer ligação com a rede coletora de esgoto e ainda um quarto da população não tem acesso ao abastecimento de água. Não obstante lembrar que, graças aos projetos sociais governamentais, esses índices, que já foram piores, tiveram uma significativa melhora.

Quanto à educação, o cenário é mais preocupante: em cada 100 brasileiros, 9 conseguem um diploma de ensino superior. Para melhor entendimento desse caos educacional, tomamos como exemplo o curso de engenharia no país, no qual 130 mil jovens ingressam por ano, sobrando 50 mil vagas e apenas 30 mil conseguem se formar. O restante desiste devido à necessidade de ingressar no mercado de trabalho, falta de recursos para quitar as mensalidades ou até mesmo incapacidade com o ritmo do curso. Outro dado relevante: dos 135 milhões de votantes no ano de 2010, 53% não haviam concluído sequer o ensino fundamental.  No entanto, o governo explora exacerbadamente do poder midiático para difundir nosso avanço educacional.

No tocante as propriedades rurais, os problemas não são diferentes, mais de 50% da população detêm menos de 3%. É relevante ressaltar  que, o emprego não é garantido pelos latifúndios e muito menos pelo agronegócio, mas sim pelos pequenos e médios agricultores que empregam 75% dos trabalhadores. Entretanto, nos últimos anos, a discussão é o novo código florestal. Talvez o Congresso Nacional esteja correto, não necessitamos de uma reforma agrária, provavelmente todos os brasileiros estão satisfeitos com a distribuição de terras no país.

Então, para avaliar o Brasil, é necessário que os extremos sejam compreendidos. É analisar disparidades econômicas  acentuadas pelo nosso próprio processo histórico. Essas diferenças são mascaradas pelos governos, que ludibriam a população através dos meios de comunicação, omitindo a realidade de um país dominado por elites manipuladoras da nossa sociedade. Por isso, conheça o seu, o meu, o nosso país.

Brasil, “Meu Brasil brasileiro”, “Mostre a sua cara”, “Que país é esse?”









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