Salve-se quem puder
Montes Claros está localizada na parte boreal de Minas Gerais, com um
dos mais importantes entroncamentos rodoviários do país. Também é considerada
por muitos o pólo universitário da região, tendo a atuação de Universidades
públicas e privadas. Tais fatos fizeram do município um atrativo populacional
intra regional e inter regional, colocando a cidade como a quinta maior do
Estado, em torno de quatrocentos mil habitantes.
Entretanto, com a expansão demográfica e urbana das últimas décadas,
surgiram vários problemas estruturais – favelização, déficit habitacional,
poluição, transporte coletivo ineficiente, violência, insegurança – no município, motivos que geram indignação da
população . É relevante salientar, toda essa problematização é comum a maior
parte das cidades brasileiras, podendo ser em menor ou maior incidência.
Dentre estes problemas, o mais preocupante para os moradores da cidade
são os homicídios, apesar do índice está 7,82% menor que o mesmo período do ano
passado. No ano já foram mais de 45 assassinatos, o último ocorreu com um
estudante de Direito no domingo, no bairro Major Prates.
O mais assustador é a crueldade
dos crimes. Esse por exemplo, o rapaz foi alvejado com 38 tiros, que atingiram
cabeça, tórax e pernas. E pior, o jovem foi morto por engano.
Militares alegaram que a motivação do assassinato foi uma confusão com
outro rapaz numa festa em Coração de Jesus, cidade próxima a Montes Claros. Se
é verdade, cabe aos policiais realizarem as averiguações cabíveis, para
elucidação do ocorrido.
A sensação é que a cada dia, o poder público perde suas forças na luta
contra o crime. O executivo culpa o judiciário que culpa o legislativo, e nada
se resolve.
Temos que assumir, as instituições – municipal, estadual e federal –
são ineficientes para mitigar tal situação. Entretanto, utilizam constantemente
da mídia para mostrarem os investimentos em segurança, além de divulgarem
gráficos com redução de criminalidade.
Para atenuar a criminalidade, é necessário que o Estado não trabalhe só
com números, mas sim um trabalho efetivo e honesto com seus investimentos. Além
de atuar no efeito da criminalidade – construção de penitenciárias, elaboração
de uma legislação rígida, um judiciário menos moroso -, é essencial também o
uso de recursos na causa - educação integral
sendo 8 horas ao dia, com cursos profissionalizantes, profissionais
capacitados, espaço físico satisfatório. Só assim conseguiremos uma sociedade
com maior equidade.
Se a nossa cidade, o nosso país são mal educados, consequentemente as
futuras gerações serão mal educadas.
O fato é, o poder público atual funciona como uma empresa privada,
trabalhando com metas. No entanto, nesta a preocupação é agregar qualidade com
quantidade, enquanto naquele, os números são mais relevantes que a satisfação
do cliente – a população.
Enquanto o Estado não resolve, a quem recorrer então?
Alguns estão
investindo na própria segurança – câmeras, condomínios fechados, cercas
elétricas, alarmes, seguros, automóveis blindados – como uma forma de proteger
da violência. Devido ao aumento dessa criminalidade, muitas empresas ganharam
mercado com inovações tecnológicas, que buscam maneiras de proteção das ações de
meliantes.
Mesmo com muitos investimentos, hoje não há classe social livre da
violência. Estamos aprisionados por um código penal engessado e obsoleto, um
poder público inoperante, uma geração sem valores (família, religião, ética), um
padrão de consumo em demasia.
Compreenda, o jovem criminoso
tem as mesmas aspirações que você.
_Você quer ganhar muito
dinheiro?
Ele também quer. Só as formas de
chegar a esse recurso são diferentes.
Enquanto isso...
Salve-se quem puder.