Rio+20:
muito verbo, pouca verba
A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, intitulada também como “o futuro que queremos”, realizada
há um mês no Rio de Janeiro, findou com poucos avanços. A ínfima presença dos
países centrais – maiores poluidores do mundo – foi o óbice na aprovação de
medidas para uma sociedade economicamente sustentável, mesmo assim foi
produzido um documento final.
Nesse documento, ficou decidido que há uma necessidade de
alterar o comportamento consumista da sociedade e afirmou analisar formas de
arrecadar recursos que contribua para financiar o desenvolvimento sustentável
nos países emergentes, no entanto não foram estipulados objetivos e nem prazos.
Nessa conferência havia uma expectativa para debates como segurança alimentar, água e energia. Entretanto
com a crise financeira vigente na Europa, ficou difícil uma discussão e
resolução sobre os referidos assuntos.
Em relação à agricultura, o texto do documento aborda a
prioridade em organizar e revitalizar a atividade agrícola dos países
periféricos, valorizando o aspecto social, econômico e ambiental.
Sobre os combustíveis
fósseis era esperada a eliminação de subsídios oferecidos pelos países
produtores. Isso poderia gerar uma redução de dióxido de carbono na atmosfera,
porém a conferência em nada contribuiu para inferência da meta.
O combate à pobreza, um desafio planetário, apenas foi citado
no documento final, mas não teve nenhum financiamento específico. No que tange
a proteção oceânica, determinou-se para 2014 discutir a preservação através de
um plano de resgate.
Ao referir-se ao desenvolvimento sustentável o texto final
não definiu objetivos. Apenas estabeleceu um processo para rascunhar quais
devem ser as metas até 2013, com planos de execução a partir de 2015.
Na verdade muitos são os caminhos em busca da
sustentabilidade com medidas e resoluções, entretanto há muita falácia e pouca
praticidade. A senadora Kátia Abreu definiu bem o que foi a reunião “terminamos
a Rio+20 com muito verbo e pouca verba”, decepcionada com os poucos avanços da
conferência.
Comungando da mesma ideia da parlamentar, a sociedade civil
considerou o documento final fraco, muito aquém dos propósitos a serem
alcançados. Os objetivos e prazos não foram concretos e pouco se valorizou a
urgência de temas relevantes – pobreza, economia verde.
Percebe-se então que, com a anuência do Estado, os capitalistas dominaram os meios –
financeiros, naturais, políticos, mercadológicos – fazendo da sociedade uma vítima de um
sistema irresponsável, pouco preocupado com as futuras gerações.
Sabemos a dificuldade em conciliar desenvolvimento com
sustentabilidade, porém é necessário um acordo comum entre todos os países na
busca de uma viabilidade econômica, política, ambiental e social.
Parece que estamos em um barco à deriva, sem rumo. Há uma
urgência em encontrarmos um norte para a nossa sociedade, senão pagaremos com
consequências catastróficas.
Será esse o futuro que queremos?