terça-feira, 31 de julho de 2012

Resultados da Rio+20


                    Rio+20: muito verbo, pouca verba

A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, intitulada também como “o futuro que queremos”, realizada há um mês no Rio de Janeiro, findou com poucos avanços. A ínfima presença dos países centrais – maiores poluidores do mundo – foi o óbice na aprovação de medidas para uma sociedade economicamente sustentável, mesmo assim foi produzido um documento final.
Nesse documento, ficou decidido que há uma necessidade de alterar o comportamento consumista da sociedade e afirmou analisar formas de arrecadar recursos que contribua para financiar o desenvolvimento sustentável nos países emergentes, no entanto não foram estipulados objetivos e nem prazos.
Nessa conferência havia uma expectativa para debates como  segurança alimentar, água e energia. Entretanto com a crise financeira vigente na Europa, ficou difícil uma discussão e resolução sobre os referidos assuntos.
Em relação à agricultura, o texto do documento aborda a prioridade em organizar e revitalizar a atividade agrícola dos países periféricos, valorizando o aspecto social, econômico e ambiental.
 Sobre os combustíveis fósseis era esperada a eliminação de subsídios oferecidos pelos países produtores. Isso poderia gerar uma redução de dióxido de carbono na atmosfera, porém a conferência em nada contribuiu para inferência da meta.
O combate à pobreza, um desafio planetário, apenas foi citado no documento final, mas não teve nenhum financiamento específico. No que tange a proteção oceânica, determinou-se para 2014 discutir a preservação através de um plano de resgate.
Ao referir-se ao desenvolvimento sustentável o texto final não definiu objetivos. Apenas estabeleceu um processo para rascunhar quais devem ser as metas até 2013, com planos de execução a partir de 2015.
Na verdade muitos são os caminhos em busca da sustentabilidade com medidas e resoluções, entretanto há muita falácia e pouca praticidade. A senadora Kátia Abreu definiu bem o que foi a reunião “terminamos a Rio+20 com muito verbo e pouca verba”, decepcionada com os poucos avanços da conferência.
Comungando da mesma ideia da parlamentar, a sociedade civil considerou o documento final fraco, muito aquém dos propósitos a serem alcançados. Os objetivos e prazos não foram concretos e pouco se valorizou a urgência de temas relevantes – pobreza, economia verde.
Percebe-se então que, com a anuência do Estado, os capitalistas dominaram os meios – financeiros, naturais, políticos, mercadológicos – fazendo da sociedade uma vítima de um sistema irresponsável, pouco preocupado com as futuras gerações.
Sabemos a dificuldade em conciliar desenvolvimento com sustentabilidade, porém é necessário um acordo comum entre todos os países na busca de uma viabilidade econômica, política, ambiental e social.
Parece que estamos em um barco à deriva, sem rumo. Há uma urgência em encontrarmos um norte para a nossa sociedade, senão pagaremos com consequências catastróficas.
Será esse o futuro que queremos?